terça-feira, outubro 02, 2007

Poema de Pablo Neruda


"... Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajecto, quem não muda as marcas no supermercado, não arrisca vestir uma cor nova, não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o "preto no branco" e os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projecto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o simples acto de respirar..."

5 comentários:

Rita Pereira disse...

é tão lindo este poema e tão verdadeiro. Quantas vezes nos deixamos morrer lentamente? Quase todos os dias... Um dia vou fazer isto, um dia hei-de ser aquilo. Enfim. Por vezes, falta-nos a coragem para dar certos passos na nossa vida e se calhar temos perdido tantas oportunidades de a podermos mudar.

Obrigado por teres partilhado connosco estas belas palavras.

Beijinho para ti Amo :)

Ela permanece incógnita disse...

Até senti uma pontada no coração... Que palavras sábias!

eu já sou incógnita disse...

somos pequenos perto de tanta verdade ... somos pequenos mas cheios de medos e receios ... somos pequenos perto daqueles que têm tanta coragem ...ou até pode não ser coragem ... pode ser apenas uma coisa mais simples e não a conseguimos ver daqui!!!!!

charlie disse...

E assim se lê, que as palavras conseguem expressar sentimentos que o pensamento traduz, mas enterra na hora da acção. AS palavras são imtemporais, as acções dependem sempre do motivo e da consequência.....

estas palavras fazem-me recordar Rousseau....
QUERO SER UM BOM SELVAGEM!!!!!

amo ser incógnita disse...

Touché! para o BOM SELVAGEM!!!